Ontem na véspera do meu dia me peguei pensando... O que significa fazer aniversário... Completar 50 anos... Talvez seja acumular anos de vida sim, mas, principalmente, é comemorar os resultados dos acertos e enganos... Graças a DEUS vivi mais um ano... Um ano incomum que passou deixando marcas, ensinamentos, mudanças profundas, saudade, alivio e gratidão...
Foram quase dezenove mil dias até aqui, é hora de olhar pra trás, hora de despedidas, de encarar os fatos, de desapegar, de viver fortes emoções. Hora de sentir vazios, de espiar os sonhos, soltando partes de mim mesma. Hora de reconstruir, ajustar, não ignorar as tristezas e agradecer pelas inúmeras alegrias. E é hora de celebrar, expulsando memórias, lembrando dos pequenos gestos, suavizando os ressentimentos, retardando as inquietações. É hora de agregar valores novos, de polir as ideias, de limpar as mágoas, de encomendar esperança, hora de virar a página. É hora de parir novos sonhos, de alcançar as metas. Hora da conscientização, de avaliar, é hora da reconciliação comigo mesma.
São muitos anos, quase seiscentos meses, tantos fatos, ilusões, sonhos, enganos, sabedoria, frustrações, satisfações, decepções e escolhas. Algumas me levaram para o aprendizado difícil, me mostraram os espinhos, me sangraram a alma, roubaram o céu, trazendo o que eu precisava aprender. Chorei, me recolhi, refiz planos, travei de medo, revi os enganos e senti vergonha. Desabei, cometi deslizes, falei o que não devia, me precipitei, julguei algumas vezes mal, ignorei a intuição que batia, fiz pouco da sorte, fui atrevida, medrosa, fiz previsões e me frustrei. Magoei pessoas que amo, fui magoada, esqueci as promessas íntimas que me fiz, tive dias tão pesados que nem sei como sobrevivi. Acreditei e confiei, mas nem sempre adiantou construí sonhos, esquecida de que dependia de muitas pessoas para que se realizassem, então de novo me frustrei, e aí agredi, e novamente me vi diante de lições que não aprendi. Falhei comigo e com os outros, senti a impotência me ensinando sobre flexibilizar, retomei o olhar que perdi, mergulhei em mim mesma e fiz novas escolhas, porque nem tudo aprendi...
Outras escolhas, no entanto, me fizeram gargalhar, levaram-me por caminhos onde semeei coisas boas, algumas doses de esperança e uma extra de humildade. Algumas dessas escolhas foram muito difíceis, implicavam num adeus mudo, só meu, que precisava e merecia ser sereno, e foi onde mais aprendi, foi quando mais sofri, foi a travessia mais dolorosa. Mas foi a mais generosa ponte para as lições mais importantes. Fiz escolhas que me propiciaram momentos perfeitos, alguns trouxeram alegrias que são inesquecíveis, reencontros, proximidade, afetos resgatados, ousadia e coragem. Concretizei alguns sonhos antigos... Parte de minhas escolhas ainda me farão caminhar, porque os sonhos estão incompletos e precisam que eu confie e saiba esperar. Confio que os resultados esperados serão novos dias de muita alegria e farta comemoração.
E houveram as escolhas que eu lutei muito para realizar... Ter meu filho foi uma delas... Meu porto seguro, meu ar, minha vontade de viver... Minha família é mais do que um porto seguro, é a certeza de trocas importantes, de tensão e união, de calor nas discussões e nos abraços, de momentos felizes, de laços e nós. Disparado, é a forma mais genuína da demonstração do amor, do perdão, da camaradagem, companheirismo, conflitos e superações. Sei e como sei das minhas manias, segredos, medos, desejos, angústias. Tenho crises de riso e de choro, picos de irritação e surpresas tão boas que nem acredito. Tenho amigos queridos, projetos, saudades, ideias, fraquezas, bom humor, limitações. Tenho hábitos antigos, anseios, comportamentos novos, arrependimentos, novas crenças, velhos gostos, aprendizados e falhas. Muitas vezes peco por excesso, ou deixo a desejar e nem percebo, subtraio, esvazio, questiono, procuro, perco, ganho. Sou rio, oceano, gota pequena. Sou um universo vasto, infinito, incompleto, bonito, humano, imperfeito, a eterna aprendiz.
Eu sou a mulher que aprendeu e aprende com os erros, que reverencia a vida, persiste, tem coragem, se espanta e se comove, sonha, divaga e acredita. Sou aquela que diz coisas horríveis e se arrepende, que ouve bobagens e releva, e as horríveis, nem sempre esquece, mas perdoa, é perdoada (outras vezes não sou perdoada) Sou a Assistente Social dedicada, intuitiva, acolhedora, imperfeita; sou a amiga presente, cedo o coração, o colo, o ombro, mas nem sempre correspondo; sou a filha que ama, que cuida, se preocupa, comete deslizes e decepciona; sou a irmã e a tia amorosa que às vezes se descuida; sou a cunhada afetuosa, amiga e agradecida; sou a mãe que ama demais, que cuida, se preocupa, convive, socorre, ri e chora junto, agrada, abraça, mas desaponta também.
Eu sou a mulher que aprendeu e aprende com os erros, que reverencia a vida, persiste, tem coragem, se espanta e se comove, sonha, divaga e acredita. Sou aquela que diz coisas horríveis e se arrepende, que ouve bobagens e releva, e as horríveis, nem sempre esquece, mas perdoa, é perdoada (outras vezes não sou perdoada) Sou a Assistente Social dedicada, intuitiva, acolhedora, imperfeita; sou a amiga presente, cedo o coração, o colo, o ombro, mas nem sempre correspondo; sou a filha que ama, que cuida, se preocupa, comete deslizes e decepciona; sou a irmã e a tia amorosa que às vezes se descuida; sou a cunhada afetuosa, amiga e agradecida; sou a mãe que ama demais, que cuida, se preocupa, convive, socorre, ri e chora junto, agrada, abraça, mas desaponta também.
Nessa reflexão não esqueci de meus sonhos desfeitos, dos momentos de desespero, das renúncias, da insegurança diante de cada decisão, das noites enormes e dos dias vazios, mas lembro que os tombos foram os momentos de descanso, e sou obrigada a concluir que tenho muita sorte, e que, por todos os anos que vivi, pude encher um enorme "baú de lembranças". Por tudo que vivi, pelos últimos acontecimentos na minha vida, pelas pessoas que dela fazem parte, pela saúde que tenho, pelas oportunidades e recursos maravilhosos para usufruir dessa vida abençoada, sou infinita e imensamente grata.
Fica nessa imensa postagem meu carinho, por cada mensagem, por cada abraço recebido, por cada telefonema. Afinal é uma retrospectiva de uma vida que acaba de completar 50 anos... Obrigada meus amigos, meu filho, minha família...