Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai
à busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou
aquele sentimento? O amor realmente acaba?
O que acaba são algumas de nossas
expectativas e desejos, que são substituídos por outros no decorrer da vida. As
pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos
de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser
amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é
estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida
que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O
amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantêm os mesmos.
Se nada muda dentro de você, o amor que
você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para
dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a
experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si
mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada
época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos
sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo,
descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma
intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor,
pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.
O amor não acaba. O amor apenas sai do
centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece
outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não
é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou
esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina amor não. Amor é
aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for
bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona
mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.
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